Depois da agitação, a ressaca. Os cinco candidatos à presidência do Vasco tiveram um domingo bem diferente do sábado, quando a eleição começou, foi suspensa por decisão judicial do Superior Tribunal de Justiça, continuou e apresentou um resultado que, por ora, não tem validade. O dia seguinte trocou o corpo a corpo com eleitores e as brigas por análise interna, contatos e conjecturas de acordos para uma semana que promete ser decisiva. Leven Siano, quem ficou na frente na contagem dos votos, adotou uma postura de vencedor do pleito presencial de 7 de novembro. No discurso ainda em São Januário, falou como presidente eleito. Marcou uma entrevista coletiva para a tarde desta segunda-feira, quando repetirá a orientação dada aos apoiadores da chapa Somanos: boicotar a eventual nova eleição - situação bem diferente de quando defendeu o cumprimento da decisão judicial do Tribunal de Justiça do Rio, que marcou o pleito para sábado. O foco dele é debater a transição que pretende fazer com o presidente Alexandre Campello. Chamou até o ex-jogador do clube e ídolo vascaíno Romário, senador da República, para a conversa com jornalistas no seu escritório de advocacia na Barra. Com o apoio de Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo, com quem mantém diálogo aberto, Leven espera que os demais poderes do clube (Conselho de Beneméritos, Conselho Fiscal e Assembleia Geral) e os outros candidatos o reconheçam oficialmente como vencedor - já recebeu o de Sergio Frias, da chapa Aqui é Vasco. No entender de Leven, este seria o primeiro passo da transição e, por tabela, resolveria os problemas na Justiça. - Não vou participar de outra eleição caso aconteça. Já alertei a minha base. Convido os vascaínos a não participarem de outra eleição. Quem o fizer, ficará com essa pecha de golpista como tem o Campello. A transição depende dele reconhecer a derrota. Da minha parte, estou confirmado como presidente do clube. Eu entendo isso. Falta apenas o Vasco homologar a minha vitória, não depende da Justiça - disse ao canal Mário Coelho Vasco. Há ainda tentativa de reverter a liminar concedida por Humberto Martins, presidente do STJ. Com ela, Faues Cherene Jassus, o Mussa, presidente da Assembleia Geral, entende que volta a valer a decisão da juíza Debora Maria Barbosa Sarmento, da 7ª Vara Cível do Rio, de que a votação ocorrerá de forma online no dia 14. Mussa, aliás, pretende reunir os presidenciáveis para chegar a um acordo sobre a votação online em 14 de novembro. Frias discorda: - A eleição acabou. Quem ganhou, ganhou, quem perdeu, perdeu. Espero que haja bom senso e respeito ao voto dos sócios. Campello se envolveu na partida diante do Palmeiras, que o Vasco perdeu em São Januário. Antes mesmo da decisão do STJ, tinha dito que não participaria de um pleito online. Tem o entendimento de concluir o mandato em 19 de janeiro e manter o cumprimento de toda e qualquer decisão judicial. Aliás, a chapa Rumo Certo se retirou da eleição por entender que ela foi suspensa. A Mais Vasco (Jorge Salgado) e Sempre Vasco (Julio Brant) têm o mesmo entendimento. Acham difícil que o STJ mude de posição. E a possibilidade de união, aventada ainda no ginásio vascaíno, é vista por pessoas dos dois lados como a certeza de poder superar Leven. É um tema por ora sem definição e que necessariamente exigirá que um dos dois abra mão de concorrer. Nas conjecturas, o cenário é de dificuldade de acerto até porque ambos acreditam que podem ganhar um novo pleito - a Sempre Vasco, por exemplo, confia muito no voto do associado fora do Rio. Uma linha trabalhada pela Mais Vasco é de que Julio, ao abrir mão, poderia ganhar o apoio de Salgado em 2023. Salgado, aliás, deve procurar Julio e o próprio Campello em busca de apoio. O empresário e o médico, apesar de algumas rusgas na eleição, têm antiga relação. Justiça não aceita receber urnas Antes de proceder a apuração dos votos, a Mesa Diretora da Assembleia Geral entrou com pedido no plantão judiciário do TJ do Rio. Alcides Martins, que assumiu a presidência da AGO após saída de Mussa, pediu que as urnas fossem acauteladas. A magistrada Maria Teresa Pontes Ganizeu, na manhã de domingo, negou a solicitação. Então, as urnas continuam no ginásio de São Januário.
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